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12/03/2008

ESPECIAL BRASIL...


Amigos do Andebol de Praia:
- Confesso que não podia estar mais satisfeito... ainda ontem começamos e conto já com ajudas preciosas para enriquecer este espaço! Primeiro, enviaram-me as fotos das equipas campeãs nacionais de 2007 e agora o Professor Antônio H. Guerra-Peixe envia-nos um super-artigo, uma verdadeira jogada espectacular. Obrigado a todos!


A Evolução do Handebol de Areia no Brasil

Prof. Antônio H. Guerra-Peixe

Professor Manoel Luiz, Presidente da Confederação Brasileira de Handebol – CBHb, que trouxe o Handebol de Areia para o Brasil, com o incentivo e apoio do Sr. Carlos Arthur Nuzman, encontrou um campo fértil para o desenvolvimento dessa modalidade. Competições importantes e de grande vulto, foram realizadas. O Brasil, através do Comitê Olímpico Brasileiro - COB, não mediu esforços para trazer ao País, equipes que pudessem realizar grandes eventos. Assim, foram realizados dois mundialitos dentro do Festival Olímpico de Verão. Essa competição, jogada nas areias de Copacabana com arquibancadas cheias, tinha ampla divulgação nos meios de comunicação.
Em 1998 e 1999 aconteceram duas competições Pan-Americanas de Handebol de Areia, mas somente no naipe masculino. O Brasil mostrava sua intenção de encabeçar a modalidade, promovendo e trazendo diversos países livres de despesas. Os títulos vieram e houve um grande envolvimento de todos. Nessa época, já realizávamos campeonatos nacionais.
Por problemas administrativos que fogem ao escopo desse artigo, o Festival Olímpico de Verão terminou. Muitas modalidades ficaram órfãs de boas competições. Com o Handebol de Areia não foi diferente. Entretanto, nesse momento a modalidade começou a viver um processo natural de crescimento. Competições estaduais e pequenos eventos, como o desafio Brasil X Portugal em Recife/PE, foram realizados. O campeonato nacional passou a ser de clubes.
Em 2000, a CBHb, resolveu investir em intercâmbio com grandes centros. Eu e o Professor Willian Felipe fomos levados ao 1º Campeonato Europeu, na cidade de Gaeta, Itália. Participamos ativamente das discussões acerca da modalidade, e voltamos confiantes no crescimento e desenvolvimento do Handebol de Areia. Em 2001, fomos avisados que haveria uma competição Internacional no Japão e que o Brasil se faria presente, representando a Pan-Americana. A competição foi o World Games, uma disputa de desportos não olímpicos. Ficamos em terceiro lugar nos dois naipes, o que foi um sucesso.
Em 2002, eu, o professor Willian Felipe e o professor Stanley Mackenzie, diretor de Handebol de Areia da CBHb, fomos para a Espanha assistir o 2º Campeonato Europeu. Para nós, e para o crescimento do desporto, essas viagens foram de grande valia, pois, a todo tempo, pudemos avaliar o estágio em que nos encontrávamos. Vimos que os europeus estavam investindo muito e que não demoraria, ficaríamos para trás.
Em 2004, disputamos o Pan-Americano que decidia duas vagas para o mundial do Egito. Nós vencemos no masculino com o Uruguai em segundo, e no feminino se deu o contrário. Infelizmente, o Uruguai não honrou a classificação por falta de verbas, e a Pan-Americana perdeu uma vaga nos mundiais. Nessa competição, o feminino jogou de igual com todas as equipes e o masculino ficou com a última colocação. Fomos com um bom grupo, mas nos faltava estrutura de treinamento e jogos contra equipes de bom nível.
No ano seguinte, fomos ao World Games da Alemanha. Melhoramos um pouco no tempo de treinamento, mas no masculino, pecamos por uma estrutura excessivamente amadora. Vencemos a Croácia, terceira colocada, e perdemos os outros jogos, porém, sempre na disputa de um x goleiro. O feminino lavou a nossa alma. Venceu na final a forte equipe da Hungria e sagrou-se campeã. Nesse jogo, o destaque foi a nossa goleira Maissa, que com um gol espetacular no último segundo, fechou o placar em dois set’s a zero.
O ano de 2006 é considerado o mais importante para o Brasil no Handebol de Areia. Foi o ano em que sediamos o Mundial masculino e feminino da modalidade. Realizamos o sonho dos dirigentes da Federação Internacional de Handball. Esses senhores queriam a todo custo que a competição fosse realizada na cidade do Rio de Janeiro, Praia de Copacabana.
No meio do ano, eu e a professora Claudia Monteiro, assistimos o 4º Campeonato Europeu, na Alemanha. Filmamos e estudamos nossos possíveis adversários. Durante o ano, participamos de competições de quadra. Nossa intenção era cooptar para o Handebol de Areia alguns atletas que não disputassem a Liga Nacional. Fizemos inúmeros treinos regionais pelo país, até chegarmos a uma seleção que treinou durante 25 dias na cidade de Praia Grande, São Paulo.
Ao desembarcarmos na cidade do Rio de Janeiro, tínhamos a convicção de que não havia nenhuma equipe imbatível. Todas se equivaliam. Fizemos quatro jogos com países de 1ª linha, antes do início dos jogos. Durante a competição, a equipe feminina foi superior as outras em todos os quesitos. Sagrou-se campeã sem nenhuma sombra de dúvidas. O masculino, numa chave de cinco equipes, saiu em quarto lugar. Cruzou com a 1ª colocada do outro grupo (Croácia) e venceu. Daí para frente firmou-se e venceu a competição numa disputa contra os Turcos, até então a única equipe sem derrota.
Nosso campeonato brasileiro está se firmando. Assim como em 2006, em 2007 disputamos um campeonato brasileiro com várias etapas, sendo uma etapa final realizada entre os vencedores das etapas anteriores. Ao final da etapa de 2007, anunciamos a seleção brasileira que disputou os Jogos Pan-Americanos no Uruguai. Fizemos uma excelente fase de treinamento na cidade de Aracaju e vencemos a competição nos dois naipes.
Paralelo ao crescimento na areia, enfrentamos uma dura batalha por um quadro de arbitragem específico. Espelhados numa dupla vencedora, que já apitou uma final mundial, Luiz Felipe e Sílvio, hoje podemos dizer que os árbitros investem recursos próprios para crescerem no novo desporto. Esse quadro é dirigido pelo Professor Alex Dourado (CE), um grande amigo e incentivador das duas comissões técnicas da seleção brasileira.
Essa trajetória tem também uma linha financeira. Não poderíamos deixar de citar os incentivos de Lei Federal, como o “bolsa atleta”. Onde atletas vencedores em competições internacionais têm direito a uma remuneração muito superior a média recebida pela população brasileira.
Num país continental como o nosso, encontramos Estados com a prática regular do Handebol de Areia, inclusive nas escolas. São muitas as competições em períodos de férias. Nesse sentido, vale salientar o trabalho incansável de inúmeros professores por todo país.
Hoje encontramos um espaço entre os desportos de alto nível. Temos uma excelente estrutura de treinamento e nunca deixamos de viajar para competições oficiais. Também é importante ressaltar que estamos praticamente independentes dos jogadores de quadra. Como pode ser observado, temos apoio irrestrito de nossa Confederação. Sabemos a luta pela qual passa o Presidente, Sr. Manoel Luiz, pois é do conhecimento de todos, que o Handebol de Areia ainda não tem recursos próprios. Podemos dizer também, que o Sr. Manoel é um defensor da praia em ambientes muitas vezes hostis.

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